quarta-feira, 9 de maio de 2012

VALE A PENA ENGANAR? MESMO CAUSANDO DOR E DECEPÇÃO?

A festa acabou, estávamos apreensivos porque a chuva não tardaria a cair e ainda restavam algumas pessoas precisando se deslocar para os seus lares. Não era cortês dizer isto a elas, teria mesmo que esperar que elas decidissem ir por si mesmas. Quando isto aconteceu percebemos que elas estavam sem condução própria e a distância onde moravam embora não fosse tão longe certamente, na minha avaliação, a chuva os apanharia pelo caminho. O nosso gentil hóspede resolveu franquear a carona, confesso que me senti constrangido, aquela oferta deveria ser minha, mas demorei a decidir fazê-lo, fui substituído. Isto às vezes acontece. Acomodados no veículo foi possível ver as mãos abanando num sinal de “até mais”, respondi com a expressão de gratidão não notada por eles o vidro do carro não permitia ver com precisão. De volta ao recinto deparei com a desordem normal de após-festa. Nada aterrador, o prazer de ter recebido os meus amigos era muito maior! Logo em seguida, depois de um estrondo, o temporal começou a cair. A chuva caía forte a ponto de causar preocupação à volta do nosso hóspede. Depois de alguns movimentos na direção de tentar dar um jeito na sala, fui vencido pela preocupação e me postei diante da grande porta de vidro sentado numa confortável cadeira que comprara para assistir televisão. Os olhos estavam fixos na porta apesar de não conseguir ver com nitidez o que ocorria lá fora porque a chuva escorria e só permitia ter uma pálida ideia dos movimentos externos. Após o inevitável cochilo, despertei assustado, alguém caminhava em direção à porta. Não cosegui ter certeza de quem seria, mas ao abrir a porta fiquei frente a frente com o meu gentil hóspede literalmente molhado! Tomei as providências necessárias para que se sentisse aquecido, indicando-lhe o banheiro e oferecendo uma toalha seca tudo, previamente preparado. Este episódio me fora relatado por amigo comum, para dizer algo importante sobre aquele amigo. Não dei muita atenção ao motivo central do relato. Tempo todo fiquei pensando em como somos enganados quando não conseguimos enxergar nitidamente os fatos. Nesse universo, me fixei em dois parâmetros possíveis. Tentar concluir e afirmar o que somente parece, já que não havia possibilidade de certeza ou desistir de afirmar até que possa ver concluída a ação para em fim ter certeza! Se ampliarmos esta visão e corroborá-la com o “mito da caverna” de Platão, percebemos que aquilo que não é possível ver claramente é uma sugestão para que os oportunistas enganem. Existem pessoas que forçam a visão dos outros através de vidros molhados para que eles não possam ver claramente e terminem enganados. São os enganadores profissionais e de plantão, que sem o menor escrúpulo, enganam até os que querem lhes fazer bem com a melhor das boas intenções. Sem a intenção de ofender ninguém, é possível avaliar-lhes o caráter através desses atos e temer pelo sucesso dos seus empreendimentos. É possível também imaginar que as suas afirmativas são baseadas no mínimo em “meias verdades” cujas consequências, com tempo, podem virar sérias mentiras saneadoras de Infelicidades e decepções. O mundo está cheio de pessoas assim. Eu de minha parte, prefiro não olhar todas as pessoas por essa ótica, existe muita gente digna de confiança. Podem errar, é claro, mas jamais por má fé. Assim á a vida, mais uma decepção não mata ninguém, aliás, prefiro acreditar que manter que devo continuar mantendo a boa fé nos meus atos. Ela deve continuar fazendo parte do meu caráter, mas jamais deixar de acreditar que posso me enganar e ser traído – esse é o mundo que vivemos! O mundo dos imediatistas, que quando querem algo não medem a dor e a decepção que podem causar aos outros. São pessoas sem escrúpulos, sem respeito, carente de apuro de caráter e, sobretudo sem Deus! Que Ele tenha misericórdia destas almas enganadoras e nos permita não reencontrá-las, seria duro demais ouvir repetições do mesmo tom e ritmo! Edson Luz

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